Sei que estás aqui. Por que não me falas? Se tenho os ouvidos surdos, antes um estrondo do que sussurros. Derruba todas as louças desta casa e estilhaça os vidros nas paredes, por Deus! Preciso te ver.
Não é justo. Os seus olhos me desnudam, e eu mal diviso qualquer vulto. Sei que estás aqui. A mudez desta casa te denuncia. Por que me acordastes às três horas? Tudo dorme, mas não meus pensamentos.
Será se é difícil te escutar porque falo demais? Queres que me transporte para esse vácuo celeste onde tu moras? Como posso viver sem estas angústias. São o que sobrou dos amores tristes, dos únicos amores.
Pensando bem, não quero que apareças. Deixa-me envolta pelo frio, e a escuridão me basta. Tudo isso é Deus! (talvez estas palavras valham um tapa... mas me acaricias, e na tua túnica, uma lágrima, como seria bom vê-la!)
O que mais posso pedir a ti? Que apareça! Sei que estás aqui.
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