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sexta-feira, 8 de setembro de 2017

De quem sofre ao seu anjo da guarda

Sei que estás aqui. Por que não me falas? Se tenho os ouvidos surdos, antes um estrondo do que sussurros. Derruba todas as louças desta casa e estilhaça os vidros nas paredes, por Deus! Preciso te ver. 

Não é justo. Os seus olhos me desnudam, e eu mal diviso qualquer vulto. Sei que estás aqui. A mudez desta casa te denuncia. Por que me acordastes às três horas? Tudo dorme, mas não meus pensamentos. 

Será se é difícil te escutar porque falo demais? Queres que me transporte para esse vácuo celeste onde tu moras? Como posso viver sem estas angústias. São o que sobrou dos amores tristes, dos únicos amores. 

Pensando bem, não quero que apareças. Deixa-me envolta pelo frio, e a escuridão me basta. Tudo isso é Deus! (talvez estas palavras valham um tapa... mas me acaricias, e na tua túnica, uma lágrima, como seria bom vê-la!)

O que mais posso pedir a ti? Que apareça! Sei que estás aqui.

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