Minha mãe está vivendo uma doença que não tem cura. Misturado com os fogachos dos cinquenta, vem um fogo que o neurologista diz ser má interpretação do cérebro sobre as informações transmitidas pelos nervos. Os medicamentos fazem efeito curto, depois volta as manifestações do Parkinson. Havia noites que eu ficava com ela, pois um dos despertares noturnos se prolongava trêmulo.
Eu pensava que precisava ser mestre para dar passe, foi quando, diante da minha impotência, e cheio de piedade, tomado pelo sono e pela vontade de dormir, levantei a mão sobre a fronte dela, nós dois na cama, rezei um pai nosso emendado com uma conversa junto aos nossos anjos guardiães. Quando dei por mim, o sol cutucava meus olhos e me mostrava a mãe de volta a dormir. Fechei a cortina, me arrumei para o trabalho e disse amém.
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