quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Mitologia e Morte

Convidado para palestrar acerca das concepções de morte nos diferentes contextos históricos, filosóficos, morais e religiosos, entendi que a melhor forma de abordar este tema seria falando sobre mitologia. 

Deixo ao final o link do áudio da palestra, que acabei tendo que complementar em um segundo momento, em casa, porque não consegui finalizar a contento o tema, cortando partes que considerava fundamental expor. 

Por que a mitologia para falar da morte?

A questão não é só por que a mitologia, mas sim por que o objetivo era que abordasse esses múltiplos contextos que praticamente tocam quase todas as dimensões da forma de nós humanos conhecermos o mundo. 

A mitologia, contrariamente do que se entende no senso comum, não é superstição, mas a matéria-prima simbólica da qual extraímos a nossa grade de compreensão do mundo. 

Se não tivéssemos nos aventurado em qualquer narrativa mitológica, embora seja inconcebível essa hipótese pela irrealidade histórica dela, não teríamos tido força cognitiva suficiente para formular qualquer outro discurso. 

As imagens que nascem da mitologia povoam nossa mente. As imagens que povoam nossa mente nos fazem reconhecer a mitologia. Mas, apenas o casamento entre a narração e as imagens da nossa mente que dá certo é que sobrevivem no tempo. Gilgamesh, mitologia babilônica, tem cinco mil anos!

Os mitos tem história. Vê-se que são retalhos ou superposições de histórias, com várias edições. Tratam de teologia, pois descrevem nossa relação com divindades; de filosofia, já que apontam ações organizadoras da nossa forma de ver o mundo; de moral, uma vez que norteiam condutas práticas de relação entre os seres humanos, e às vezes de povos, no cotidiano. 

Kardec decidiu não se aprofundar nestes assuntos, preferindo sempre as construções racionais dos modernos, embora tenha feito ensaios em O céu e o inferno e em A Gênese. Mas, hoje e cada vez mais, estamos vendo o quando precisamos reler as mitologias, as resistentes à corrosão do tempo, para nos entender. 

Assim, seguem minhas falas:




Nenhum comentário:

Postar um comentário