terça-feira, 8 de setembro de 2015
Sobre a importância da igreja como fundamento
Feito palavra ao vento, apenas para amenizar conversas de corredor, falo sobre meus problemas respiratórios de repetição à uma colega de plantão: são coisas que trago de outras vidas. Ela responde de imediato.
- Isso não existe, Allan!
Quando a incitei a falar os motivos que a levavam a afirmar tão categoricamente sobre a inexistência das reencarnações de todos, pensando que ela ia começar os mesmos argumentos de sempre - porque não nos lembramos, porque a população cresce, etc. - ela me veio com essa:
- Como é lá no Espiritismo? Você freqüenta? Qual o fundamento?
Falei do meu afastamento destes últimos tempos, desde que aumentamos, eu e minha esposa, nossas atividades médicas e de pais de um menino novo. No que ela replica:
- Você nem freqüenta direito!
Foi assim que me dei conta que, de certo modo, para ela, é fundamental não apenas conhecer a doutrina, mas participar da igreja para falar com propriedade. Igreja não no sentido institucional, estrutural, mas no sentido de eclésia, assembléia, conjunto de pessoas que fazem a coisa ser humana e, de tão irmãos, divina.
De fato, essa colega é uma moça devota. Antes de dormir, uma prece e um terço. Durante o plantão, a calma e a serenidade de quem tem o apoio de toda uma irmandade em si.
Levo isso para casa. O reaquecimento da saudade que tenho dos meus, daqueles que são meus fundamentos. Difícil viver sem uma igreja de amigos que se religam por assuntos comuns que nos ascendem a muito mais do que essa esfera de afazeres cotidianos. Nesse sentido, de fato, fora da igreja não há salvação, mas é que o coração fica menor longe deles.
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