Um amigo me pegou falando sobre o que acredito ter sido minhas encarnações passadas. Uma delas é sobre a que papai acreditava: ser eu seu próprio pai.
Embora querendo respeitar minha crença, o amigo perguntava se eu não estava de má-fé, deixando-me levar pelos condicionamentos que os outros colocaram sobre mim. Tipo, não assumir a vida com a autenticidade de tudo o que sou hoje, mas carregando o peso de tudo o que o passado diz que devo ser. Até mesmo justificando as atitudes pelas tais "encarnações passadas".
Respondi carinhosamente:
- As minhas encarnações não me soam mais como justificativas, mas como álbuns cheios de fotos queridas. Aqui e acolá vou entendendo o animal que fui, o anjo que estou longe de ser. E vou reencontrando todas as pessoas que amei, que amo. Porque uma das mais fortes razões para eu acreditar em encarnação não é apenas não conseguir encontrar justiça para as aflições atuais apenas nessa vida, sem ceder à hipótese do acaso, mas, principalmente, de não conseguir encontrar razão suficiente de amar tanto e tão profundamente certas pessoas e não outras.
Sobre meu pai achar que fui o pai dele, não me pesa de forma alguma. Fiquei sabendo disso depois que ele morreu. Ficou como a lembrança mais doce que guardo. Eu e ele, se revezando nos dramas da vida, tentando deixar crescer cada um por sua vez.
A cena em que revelou isso para mamãe:
Entrei no quarto deles para pegar um dinheiro e sair com a namorada. Entrei e saí. Pedi quase sem pedir. Ela reclamou que eu gastava demais. Ele a silenciou, sussurrando: "Deixe! Ele trabalhou muito na roça para que eu conseguisse chegar onde eu cheguei..."
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