sábado, 20 de julho de 2013

As potestades de Deus




Alguns posts atrás esbocei uma posição política a favor de uma “teologia democrática” que se caracterizava pela manifestação de Deus “por todos os seus filhos”. Encontrava-me incendiário à época. O Brasil ainda pega fogo, mas já posso pensar com frieza. 

Em quem e em que Deus se manifesta? É a pergunta.

A rigor, em tudo e em todos. É a resposta primeira. Segue a sequência das interrogações:


  • Se Deus é todo perfeição em bondade, beleza e sabedoria, por que discrepância entre os humanos manifestantes?
- Para deixar a divindade se expressar em nós em toda a sua potência, necessário é suportarmos essa manifestação.


  • Como fazer para suportar a manifestação divina?
- Desenvolver ao máximo (até a perfeição) a bondade, a beleza e a sabedoria.

É o que Aristóteles chamava de levar a potência ao ato. Atualizar o que em nós é potência. 

Kardec era favorável a um tipo de governo muito particular: a aristocracia intelecto-moral. Críticas caem sobre ele a partir dos republicanos que vêem nessa ideologia um retorno ao absolutismo. Mas, enganam-se. Não é da ordem do sangue essa aristocracia, é da ordem do espírito. Tão pouco é por ocasião de uma escolha gratuita e, portanto, imposta a assunção do poder, é por mérito. Exerce um império natural aqueles que se elevarem intelecto-moralmente a tal ponto de fazer valer a divindade em si. 


  • O que difere da aristocracia dos dons, os chamados bem dotados?
- Todos, sem exceção, possuem dons de Deus. Não há escolhidos. Todavia, estão em potência. Depende de si a atualização desses dons. A vontade própria os desenvolve em maior ou menor velocidade. 

Acontece de o poder ser distribuído aos inaptos, de forma mais comum do que gostaríamos. É um estímulo para desenvolver suas aptidões. De modo bem diverso, os aptos exercem uma liderança tão espontânea e humilde que os povos deixam-se guiar por suas estratégias quase sem consciência. 

Ao arrastamento inconsciente dos povos nos mandatos dos inaptos dá-se o nome de alienação atrelado quase todo tempo à exploração. Uma inconsciência forçada por manipulação ideológica, por silenciamento das críticas. Ao fluxo, também inconsciente, o que nos leva a dizer também "natural", conduzido pelos aptos é o que entendo por trabalho, constantemente associado à evolução. Uma inconsciência que entra em harmonia com as aspirações mais íntimas de melhoramento da humanidade.  Aquele torna o homem um escravo, este o torna digno. Aquele, uma coisa, este, um deus. Reificação e divinização. 

Sobre nós há a condução silenciosa de um conjunto de Espíritos luminares que, em última instância, revertem qualquer mal momentâneo em bem eterno. Seremos, um dia, dessa categoria de Espíritos. Cabe a nós se aproveitar desses estágios conflituosos nos cueiros do Universo da melhor forma possível. 

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