Há algumas sutilezas simbólicas na reflexão que vou construir aqui. Apenas o Redimido pode vencer o Mal. Redimido e Mal se encontram em iniciais maiúsculas. Isso significa que são dois arquétipos da natureza. Quem são?
O Redimido é aquele que passou pelo mal, experimentou-o, lambuzou-se dele, mas saiu do seu domínio. Deve-se ter em mente que no universo judaico-cristão não há bem um inferno como apenas um depositário das almas dos nossos mortos, como o é na Grécia antiga. Há, sem exceções, uma vida eterna de sofrimentos para aquele que se afastou de Deus. O inferno é o mal. Dizer que o Redimido é aquele que passou pelo mal é equivalente a dizer que ele entrou no inferno e dele saiu.
Todavia, semelhante a todos os que fazem essa passagem na mitologia grega, isto é, os que, vivos, entram no mundo dos mortos e conseguem sair, trazem consigo o segredo da eternidade, cultuado em torno de mistérios.
O Redimido, assim, é o que, vivo, experimentou o Mal em suas veias e conseguiu se purificar dele. Esse personagem carrega em si os mistérios da sobrevivência. Não a sobrevivência física, que nada é, mas a sobrevivência moral. Ele traz a marca do Bem imortal. Não é conhecer o Bem. É alcançar a pureza.
Sendo assim, pelo exposto no texto, minha tese de "apenas o Redimido pode vencer o Mal" se torna outra forma de conceituar o próprio Redimido.
O que separa católicos e espíritas é: a Redenção não é conquistada mas dada de graça pelo único que foi verdadeiramente capaz dela, assim acreditam os católicos. O espírita entende que cada um de nós pode ser tornar um Redimido.
Se colocarmos a crença católica em mente, o Redimido passou pelos infernos, mas nunca foi do inferno. Ele entrou na carne humana corrompida pela discórdia da serpente, mas venceu cada tentação do mundo. Ele foi a passagem de Deus iluminando as experiências humanas, redimindo-nos. Para o espiritismo, Jesus é um Espírito antiquíssimo que já passou por várias provações, chegando no ápice da escalada humana, sendo modelo e guia para todos nós.
O que nos convida à lucidez, dando o braço a torcer para a noção católica, é que ninguém em sã consciência pode conquistar a redenção nesta única vida. Somos de fato cheios de falhas e senões, seres lacunares, quando não vazios mesmo, e pequenos para mais não poder. Precisamos de Jesus como exemplo norteador. E, no momento em que nos encontramos, e por muito tempo além, precisaremos da figura do Rabi iluminando nossas consciências e nossos corações. Se focássemos apenas em uma vida, a única forma de sair daqui, concordo, é via Jesus, o Redimido por excelência.
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