sábado, 21 de dezembro de 2013

As suas dores, só você as pode sanar



Cada vez mais admiro menos o quanto temos facilidade em aceitar um Senhor salvador de nossa alma que, enfim, dissipa todas as nossas angústias. Somos criados assim! Ou melhor, crescemos com essa atitude ao nosso redor.

Muitas pessoas que se aproximam do filho que Deus encarnou em nosso lar desconsideram os dias inteiros e os momentos da madrugada que minha esposa tem passado com a criança e lançam propostas, enfim, salvadoras para as cólicas, para o choro, para a irritação que o pequeno deixa manifestar, ou que se lhe apoderam. “Enfim, salvadoras” porque é assim que elas se sentem quando professam a verdade de seu caminho de consolação. Desprezam, dessa forma, toda a experiência da mãe que vem sofrendo horas a fio tentando descobrir as singularidades do rebento. Portadoras de uma ciência – devem assim acreditar – que supera os achismos da ingênua mãezinha de primeira viagem.

Que deve haver alguma coisa que valha para muitas pessoas feito regra geral não anula o fato de que cada ser humano é um mundo todo por desbravar, cuja completa revelação está longe de se dar em uma simples visita. Cada mãe, por mais experiência e segurança que tenha, não deve desconsiderar que este novo filho é uma primeira viagem dela para ele. Uma primeira viagem, claro, que já pode ser a continuação de viagens sucessivas a que nos dedicamos em vidas passadas juntos.

Não quero defender que devamos nos abster de dar sugestões para os outros. Mas, exorto todos a enxergarem que os outros já vêm trilhando um caminho de gestão da própria vida. Sua "enfim verdade" não passa mais do que uma possibilidade.

No Espiritismo, temos elevada consideração pelas orientações de Jesus, a ponto de colocá-las como crivo de verdade. Mas, a grande miséria de todos os que se prendem às palavras é que Ele nada escreveu do que falou, e o que chegou aos nossos olhos não foram nada mais que interpretações dos evangelistas. O melhor método de entender Jesus – eis a essência – é colocar à prova suas prováveis ideias em nossos atos, diuturnamente, por séculos progressivos. Não há uma orientação salvadora a não ser a que se reveste de ato e prova sua majestade na luta diária da vida.

Compartilho a cena que está diante dos meus olhos, agora: Uma mãe exausta dormindo sentada em uma cadeira de balanço tendo um filhote, enfim, repousado com a cabecinha entre seus seios.


São grandes lições para ela tudo por que está passando, e, diante dos muitos insucessos a que chegamos (e chegaremos) de encontrar o meio, enfim, ideal para consolar nosso filho para sempre, para ele eu só posso dizer em um cochicho no ouvido: “No fundo, no fundo, pequeno, qualquer pessoa pode tentar ajudá-lo com suas dores, mas só cabe a você saná-las!”.

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