sexta-feira, 1 de março de 2013

À humanidade




Certo dia um anjo olhou para baixo
       Para baixo de onde, se ele estava no meio do infinito?
Não. Certo dia ele olhou para cima
É! Olhou para cima porque voava entre uma galáxia e outra
E passou por baixo da Terra

- Por que logo a Terra?
  Porque fui eu quem o vi!

Ele olhou e parou
Passou uma vista breve por toda essa gente

Os milênios passam breve nos olhos de anjo...

Sente um aperto no peito, feito desejo

- Desejo de que?

Desejo desse cuidado de Deus
Que nos toca os corpos de argila
Nos risca com dedos cósmicos
Nos aquece com giros solares
Quantos mil giros?!
Nos molda com paciência infinda
Nos acolhe em Seus braços

Se mela

Quando menos se espera
Estamos sujos de estrelas!

- Desejo de que? 
Do vermelho, do branco, do amarelo
Do negro do espaço
Pintado na carne

Enquanto seu corpo - armadura estelar
Inquebrantável

Enquanto sua cor - luz celeste
Imperecível

- Desejo de que?
Da liberdade dos que se afastam
Da festa para os que voltam
Da lágrima de quem tem o peito apertado

E, num átimo, invejando
Se vê novamente caindo
Se apequenando
Se consumindo

Até que as asas da noite
Se fecham num corpo pequeno
De negro menino
O negrume dos olhos
       Apagado 
             e lindo!

Quis fugir de tudo o que tinha
Pela eternidade a fora

E fora da eternidade
Se escondeu
De novo
Dentro da humana 
                       tão humana
                              humanidade.


(Inspirado na poesia Os Anos são Degraus divulgada no blog Espírito de Arte de 23/02/13) 

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