Certo dia um anjo olhou para baixo
Para baixo de onde, se ele estava no meio do infinito?
Para baixo de onde, se ele estava no meio do infinito?
Não. Certo dia ele olhou para cima
É! Olhou para cima porque voava entre uma galáxia e outra
E passou por baixo da Terra
- Por que logo a Terra?
Porque fui eu quem o vi!
Ele olhou e parou
Passou uma vista breve por toda essa gente
Os milênios passam breve nos olhos de anjo...
Sente um aperto no peito, feito desejo
- Desejo de que?
Desejo desse cuidado de Deus
Que nos toca os corpos de argila
Nos risca com dedos cósmicos
Nos aquece com giros solares
Quantos mil giros?!
Nos molda com paciência infinda
Nos acolhe em Seus braços
Se mela
Quando menos se espera
Estamos sujos de estrelas!
- Desejo de que?
Do vermelho, do branco, do amarelo
Do negro do espaço
Pintado na carne
Enquanto seu corpo - armadura estelar
Inquebrantável
Enquanto sua cor - luz celeste
Imperecível
- Desejo de que?
Da liberdade dos que se afastam
Da festa para os que voltam
Da lágrima de quem tem o peito apertado
E, num átimo, invejando
Se vê novamente caindo
Se apequenando
Se consumindo
Até que as asas da noite
Se fecham num corpo pequeno
De negro menino
O negrume dos olhos
Apagado
e lindo!
e lindo!
Quis fugir de tudo o que tinha
Pela eternidade a fora
E fora da eternidade
Se escondeu
De novo
Dentro da humana
tão humana
humanidade.
(Inspirado na poesia Os Anos são Degraus divulgada no blog Espírito de Arte de 23/02/13)
Nenhum comentário:
Postar um comentário