sábado, 18 de julho de 2015

Sobre nossa mudança moral




Então o jovem, em desespero, me aborda, porque parecia ter se encantado com essas coisas de evolução espiritual que fico espalhando por aí:

- Estou tentando, mas quanto mais eu tento, mais vejo que é um grande esforço. Será assim mesmo? Mas, se for, serei eu de fato? Não estaria me enganando, lutando contra minha natureza.

Um dia eu lia empolgado o Evangelho Segundo o Espiritismo e vi a seguinte frase:

Mas, já ganhastes muito, vós que me ouvis, pois que já sois infinitamente melhores do que éreis há cem anos. Mudastes tanto, em proveito vosso, que aceitais de boa mente, sobre a liberdade e a fraternidade, uma imensidade de idéias novas, que outrora rejeitaríeis. Ora, daqui a cem anos, sem dúvida aceitareis com a mesma facilidade as que ainda vos não puderam entrar no cérebro. (Espírito Sanson, 1863)

Infinito parece muito, mas quando ele diluiu esse infinito em cem anos, me pareceu quase nada. Fiquei pensando o que ele considerava infinito. Sair do nada para o um é um estrondo de crescimento. Se não há nenhum caso de uma doença rara e grave em certa aldeia e um caso aparece, meu Deus! Foi isso que eu pensei: que, se nesta encarnação, me foram necessário cem anos para conseguir pelo menos não mais odiar minha irmã de sangue, sou infinitamente melhor.

Mais tarde me deparei com este pensador:

O Espiritismo é natural e exige naturalidade dos que pretendem vivê-lo no dia-a-dia, em relação natural e simples com o próximo. Os maneirismo, as modulações artificiais da voz, os excessos de gentileza mundana e tudo quanto representa artifício de refinamento social, deformando a natureza humana a pretexto de aprimorá-la, não encontraram aceitação nos meios verdadeiramente espíritas. (…) As modificações exteriores, precisamente por serem forçadas e portanto mentirosas, não exercem nenhuma influência em nosso interior. O contrário é que vale: quem exercitar-se na prática das boas ações, da verdade e da sinceridade, modificará sem querer e perceber o seu comportamento, sem nenhum dos sintomas desagradáveis de fingimento e hipocrisia. (J. Herculano Pires in o Centro Espírita)

Então: 1. não esperar grandes saltos evolutivos; 2. exercitar-me na prática do bem sem me impor maneirismos (leia-se mudanças exteriores).

Estas duas percepções vêm trabalhando-me nesta última década e meia sem pretensões de que este projeto de aprendiz de mim finde até o final dos próximos milênios. No mais, trabalho, solidariedade e tolerância. 

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