terça-feira, 8 de julho de 2014

O que é uma Sessão Mediúnica?



Todas as segundas vou para a do meu centro espírita. Lá no fundo há uma sala. Um ventilador simples e quase quebrado gira, espalhando um pouco de poeira no ar. Os Espíritos desde já nos protegem, me impedem de espirrar. Algumas poucas teias de aranha no telhado. Esquecemos de limpar!

Vão chegando, de um por um, amigos que apertam as mãos, se dão um abraço. Há um médico, um bombeiro, um representante de farmácia, um pedreiro, um músico, uma servidora pública, uma dona de casa mãe de muitos filhos. Cantam algumas músicas, fazem uma prece, pedindo permissão à Deus para começar a se comunicar com os Espíritos, lêem uma a duas páginas de um livro instrutivo, alguma passagem do evangelho. Colocam um punhado de nomes em um caderno improvisado. Todos deverão manter aquelas pessoas em mente querendo ajudar.

Apagam-se as luzes. Abre-se uma menos intensa que permita melhor concentração. Alguns dos presentes, tentando conter os impulsos para que seja um por vez, começam a deixar sentimentos estranhos a si aflorarem. Aqui é um que chora a culpa do assassinato do irmão, ali um senhor que nunca deixou de amar a mulher que está triste em vida, acolá a fúria de alguém que não gosta que tentemos ajudar a quem ele persegue por vingança. São melancolias, ironias, atordoações, zombarias. Mas também são instruções, consolos, amizades, alegrias. É um anjo bom que fala sobre a vida que vinga para além da vida, um velho simples que adverte sobre as pedras do caminho, uma jovem que chora a gratidão da música que o violão de um dos presentes tocava fora dali. E, para todos, uma palavra amiga do coordenador da reunião. Sem gritaria, sem consternação; com respeito, com persuasão. Os Espíritos amigos pedem que se fale com mais amor. O amor é uma lição que estamos pelejando por aprender sempre, cada vez mais.

A mesa não é branca. É uma grande mesa marrom um pouco carcomida por dentro de onde saem, vez ou outra, algumas formigas para olhar o que acontece fora. Uma delas tem que se desviar da gota que caiu ali. Era a lágrima de uma mãe que chorava a perda do filho nas drogas. Outro desvio. Era a lágrima de um filho que voltava a ver a mãe depois de tanto tempo perdido.

A pequena sala é lotada, apesar de sermos só sete, às vez oitos, outras seis. Nem todos são tão médiuns a ponto de deixarem os Espíritos falarem por si. Ao final, mesmo estes menos médiuns sempre têm algo a contar. Foi um peso na nuca, foi um sopro no ouvido, foram luzes aqui e ali a piscar.

É uma prece boa que finda o trabalho. Os livros guardados no armário. Uma coceira chata dos pernilongos nas pernas. Uma felicidade no ar. Ninguém sabe de onde vêm, nem para onde vai.

- Vou pra casa!
- Pode me deixar ali?
- Claro! É meu caminho. Vamos lá!



Veja outras definicões de termos espíritas AQUI! 

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