Ontem um companheiro espírita nos expôs que o grupo do qual faz parte está com um projeto de disponibilizar as comunicações mediúnicas do grupo sobre temas evangélicos específicos ao público em geral, por meio de plataforma da internet, a fim de promover um diálogo dos encarnados com os desencarnados como no tempo de Kardec.
Não será como no tempo de Kardec.
Ele disse que não se abrirá à crítica, mas apenas a perguntas que serão respondidas pelos espíritas.
Como eu disse, não será como Kardec.
Kardec questionava às vezes até a encurralar o espírito manifestante em um diálogo de pé de orelha. Fazia isso porque sabia que o médium mais bem dotado poderia se mistificar e ser vítima de embusteiros do além que venderiam gato por lebre.
Mas, nós espíritas nunca aprendemos esse tipo de diálogo. Todos nós, carregando atavismos de quando éramos rebanho de sacerdotes e profetas, baixamos a cabeça para ouvir o indivíduo mediunizado.
Bezerra de Menezes se manifesta pelo palestrante. A fala do pretenso Dr. Bezerra não acrescenta em nada qualquer discussão, mas a platéia se comove, e aquilo é tido como que uma bula papal fechando pontos soltos.
Nos meados do século XIX, Kardec ainda teve que enfrentar a morosidade dos correios e a exiguidade de ajudantes. Nesta época agora de comunicação instantânea e inteligência artificial, o risco de encher nossas caixas de mensagens com textos desprezíveis cresceu exponencialmente. As novidades viralizam e adoecem.
Talvez nosso cérebro esteja passando por uma transição para conseguir suportar essa intoxicação de informações. Mas daqui que atinjamos novo patamar de equilíbrio, só os clássicos que sobreviveram ao tempo nos defendam dos novidadeiros.
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