(O quadro é de luto dentro do palco. Há um caixão, pessoas chorando, um
aglomerado de amigos ao redor da viúva e de dois filhos. Alguns dos
presentes estão parados, velando. Outros conversando amenidades que não
se ouve. Do lado do caixão, o recém-morto fita a ainda esposa. Um amigo
espiritual está ao seu lado tentando lhe convencer a partir)
Amigo: Por que você insiste em ficar?
Morto: (sem desespero ou angústia) Não insisto. Só peço mais um minuto.
Amigo: Não vai lhe fazer bem.
Morto: Mas, quero sentir.
Amigo: O quê? A tristeza dos que ficam?
Morto: O amor por quem parte.
Amigo: Esse amor é desespero.
Morto: Qual aquele que nunca foi?
Amigo: Os amores serenos existem e nos agradam.
Morto: Aqui na Terra, amigo, a serenidade dura um instante. Por favor, só mais um momento.
(A viúva se aproxima do caixão e coloca o lenço ao rosto soluçando, tentando ao máximo ser discreta. Ela toca o rosto do cadáver. O morto sente ali do lado. Coloca a mão no peito de forma discreta e doída.)
Amigo: O que foi? Sente algo?
Morto: Que importa? Já morri.
Amigo: Isso pode lhe custar mais algum tempo nas zonas de recuperação.
Morto: Parece que tempo é algo que já não me falta.
(O filho chega e beija a cabeça do cadáver. O morto sente, fecha os olhos e sorri).
Morto: Ele não costumava me beijar.
Amigo: Antes fosse quando você podia sentir.
Morto: Mas, eu senti.
Amigo: Estamos demorando demais aqui. Acho que você está piorando a tristeza deles.
Morto: Não sente que é amor?
Amigo: É tristeza.
Morto: Aqui na Terra, amigo, o amor tem suas vezes de tristeza. Por favor, só mais um pouco. Estou bem.
Amigo: Está chorando.
Morto: Porque estou indo embora, é normal. Deixe só mais algumas lágrimas cair.
(A filha chega e deita sobre o peito do cadáver. O morto sente e encurva o peito como a lhe acolher).
Morto: Desde pequena ela faz isso.
Amigo: (silêncio)
Morto: Quando vou poder voltar?
Amigo: Quem sabe? Só Deus.
Morto: Então, Deus, me dê só mais um instante antes de partir.
Amigo: Por que você insiste em ficar?
Morto: (sem desespero ou angústia) Não insisto. Só peço mais um minuto.
Amigo: Não vai lhe fazer bem.
Morto: Mas, quero sentir.
Amigo: O quê? A tristeza dos que ficam?
Morto: O amor por quem parte.
Amigo: Esse amor é desespero.
Morto: Qual aquele que nunca foi?
Amigo: Os amores serenos existem e nos agradam.
Morto: Aqui na Terra, amigo, a serenidade dura um instante. Por favor, só mais um momento.
(A viúva se aproxima do caixão e coloca o lenço ao rosto soluçando, tentando ao máximo ser discreta. Ela toca o rosto do cadáver. O morto sente ali do lado. Coloca a mão no peito de forma discreta e doída.)
Amigo: O que foi? Sente algo?
Morto: Que importa? Já morri.
Amigo: Isso pode lhe custar mais algum tempo nas zonas de recuperação.
Morto: Parece que tempo é algo que já não me falta.
(O filho chega e beija a cabeça do cadáver. O morto sente, fecha os olhos e sorri).
Morto: Ele não costumava me beijar.
Amigo: Antes fosse quando você podia sentir.
Morto: Mas, eu senti.
Amigo: Estamos demorando demais aqui. Acho que você está piorando a tristeza deles.
Morto: Não sente que é amor?
Amigo: É tristeza.
Morto: Aqui na Terra, amigo, o amor tem suas vezes de tristeza. Por favor, só mais um pouco. Estou bem.
Amigo: Está chorando.
Morto: Porque estou indo embora, é normal. Deixe só mais algumas lágrimas cair.
(A filha chega e deita sobre o peito do cadáver. O morto sente e encurva o peito como a lhe acolher).
Morto: Desde pequena ela faz isso.
Amigo: (silêncio)
Morto: Quando vou poder voltar?
Amigo: Quem sabe? Só Deus.
Morto: Então, Deus, me dê só mais um instante antes de partir.
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