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sábado, 11 de março de 2017
Ele fazia vicejar as flores
A mediúnica já havia resgatado alguns Espíritos em sofrimento. Na leva de conversas havia ido um cruzado com mãos sangrando, ainda chorando, errante, no campo da batalha errada da errada cruz, que, depois de tantos séculos de sofrimento, queria apenas rever a filha; um homem que, na sua percepção de tempo, acabara de morrer afogado em um acidente de carro; um Espírito que se sentia traído e há muito plasmava uma doença no corpo do inimigo; uma mãe que buscava passar orientações para a filha: "anotem aí"; uma entidade revoltada com tudo o que acontecia, pedindo que calassem todos aqueles fenômenos; uma outra que conduzia ao suicídio uma jovem envolta por um manto de hipnotismo maléfico. Mais ao final, comunicações mais amenas, como a de uma criança que passava leve e alegre para lembrar a pipa que seu pai confeccionara com ela um dia.
Após um silêncio pouco, quase ao término dos trabalhos - perdoem-me se não recordo tal e qual ele disse - um Espírito de voz mansa agradece assim:
"Senhoras e senhores presentes neste recinto, a natureza me convida para lhes falar da humildade de outros tempos em que nós também nos reuníamos, sob o influxo do Mestre maior, a fim de consolar os irmãos que vagam em dores pelo mundo. Hoje vocês nomeiam de mediunidade o que o Mestre chamava de vida em abundância.
Lá estávamos nós, ainda a Lhe ver, na sua passagem breve por essas terras, derramando nas almas cansadas de impérios e de lutas, o amor que fazia vicejar os corpos, como flores murchas que reacendessem de vida em presença do sol, que é Jesus, e da água, suas preces.
Venho lhes agradecer por permitirem este trabalho bendito de deixar escorrer a eternidade pelos seus vasos, como aquela fresta no telhado deixa escorrer esta réstia de luz. A imortalidade se faz presente em todos os lugares, desde o chilrear deste passarinho que prossegue a vida nos ares que nos envolvem, até as comunicações que fazem explodir nesta mesa a verdade universal: nossa permanência. Saibam todos os muitos que aqui estão, que ajudamos mais seres do que seus corpos puderam receber.
Deixo o amor de Jesus tecendo em seus corações um fio que nunca se perderá em lhes aproximando cada vez mais.
Que o Pai de todos os seres pouse a mão gentil em suas dores, e que Jesus toque seus corações chagados! Vão em paz!"
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