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domingo, 3 de novembro de 2019

O Espírito sopra onde quer

Andei tentando resolver problemas da família. Perturbações de ordem mental me empurraram de volta às mediúnicas. Mas, dessa vez, uma forma nova de se comunicar com os Espíritos me foi apresentada. 

É nova, mas é antiga. É antiga, mas não é decrépita. É a velha forma como Kardec fazia. Quer falar com um Espírito? Evoque-o. Chame-o. Tome-o pelo nome. É assim que sempre foi. Simples assim. Há de aparecer embusteiros. Ora, reconhecê-los e se livrar deles é toda a ciência espírita. Pode ser conteúdo do médium? Outro capítulo, então, da ciência espírita. 

Parece-me que deixamos essa ciência de lado. Os atendimentos em massa de espíritos sofredores anônimos, sempre tive essa suspeita, acabam por acalmar mais os médiuns do que ajudar as pessoas que precisam. 

Então, eis que seu pai morre. Você deve esperar a gentileza de permitirem que ele se comunique por um médium enclausurado numa sala, acessível apenas para o grupo seleto, sequioso para que de lá saia alguma carta que pareça dedicada a você. Como acontecia na época de Kardec? Sente em sua casa e evoque-o. Profanação? Mas o Espiritismo sempre foi profanação. Essa era a graça dele. Tornamo-nos bons mocinhos.  Acolhemos as críticas que todos nos faziam para bem passar na avenida. Hierarquizamos os centros, colocamos vários intermediários entre o familiar aflito e a alma querida que, viva mais do que nunca, vibrava para se comunicar. 

- Ei, você! Está com saudades dos seus que já se foram? Eles não se foram. Enxugue essas lágrimas! Tome de um papel e uma caneta. Pode ser no seu computador mesmo, ou no seu tablet, smartphone, e dedique-se a tentar o diálogo. Vem a hora que o sinal pega e sai o fenômeno. 

Não me admira que perdemos o fogo da consolação. Conseguiram nos esfriar. 

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