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quinta-feira, 25 de maio de 2017

Estudos sobre Grécia Antiga no Centro Espírita



Estamos estudando, ao Lar Espírita Chico Xavier, o livro A caminho da luz, idealizado pelo Espírito Emmanuel. Cada mês dialogamos em roda sobre um determinado povo, conduzido por alguém que tenha mais afinidade de falar sobre ele. Neste mês, fiquei com gregos e romanos. 

Buscando alguma forma de abordar os gregos sem resvalar em uma narração monótona da história, decidi tentar fazer analogias entre a mentalidade daquele povo e a nossa. 

A primeira questão é sobre a importância das histórias para a formação do imaginário das pessoas. Toquei na era das mitologias. Todos nós temos alguma história que marcou nossa vida. Não precisa ter sido contada por pai e mãe. Pode ter sido por amiguinhos da escola, do bairro, primos, contos de assombração. Nelas podemos perceber lições de moral por trás, características dos heróis, da mocinha, do bandido que devem servir de exemplo. Era mais ou menos assim nas mitologias, com mais densidade e fervorosa crença. 

A história da "Ilíada e Odisséia" era contada nas casas, nas ruas, comentadas nas mesas de bar. Servia de norte para condutas cotidianas e até mesmo, reza a lenda, serviu para apaziguar a guerra entre duas cidades-estados. O que Odisseu (Ulisses) faria no meu lugar? 

Neste nosso primeiro encontro evoquei a característica de Odisseu de ser um herói cheio de peripécias, estratégias de combate e de se esquivar do perigo (polytropos). Pude assim relacionar esse tipo de personagem com vários outros heróis conhecidos por nós em histórias que nos são familiares, como a do João Grilo (Auto da Compadecida), Zé Carioca (Walt Disney), Calabar (Chico Buarque - aliás na obra de Chico Buarque os malandros ocupam lugar especial). 

Também falei sobre o quanto o sentimento de "um por todos e todos por um" era presente entre os reis. Os troianos raptaram Helena, então era como se tivessem raptado as rainhas de cada um. Por isso foram para guerra. 

Por fim, evocamos o costume da Zenia, que era a hospitalidade sagrada com que os habitantes das mais diversas ilhas gregas recebiam os desconhecidos que nela aportavam. Não por um sentimento de caridade, estrito senso, isso seria um raciocínio cristão, mas porque, na cultura politeísta e antropomórfica, não era de se admirar que um deus pudesse se vestir de homem para colocar os mortais à prova. É o que é demonstrado na solicitude com que o ilustre desconhecido Odisseu é recebido à ilha dos Feácios. 

Análise espírita-cristã


Perceba que respeitar alguém por ele poder ser um deus é algo que esconde uma verdade. É como se a mitologia tocasse de leve em um ponto profundo da ética humana maior. Em várias culturas parecemos encontrar formas míticas de justificar a hospitalidade a um estranho. 

Entre os judeus, cada um era considerado uma Torá viva, isto é, portador de uma mensagem de Deus no coração. Aquele que se fazia peregrino no deserto, merecia ser recebido nas casas por ter percorrido uma experiência que se tornara sagrada na história hebraica. 

Sobre homens esconderem alguma divindade em si, não seria a mesma imagem que sugere Jesus ao dizer aos seus discípulos que se a caridade fosse feita aos vulneráveis, a ele é que estariam fazendo?

Numa primeira instância, onde predomina no homem mais o medo da punição, a hospitalidade (zenia) pode ficar na superfície dos gestos. Aprofundando-se a sensibilidade moral, é de se esperar que realmente ascendamos a essa mística em que vemos em todos os seres, de fato, Deus.  


Conhecimentos sobre Grécia Antiga adquiridos do esclarecedor curso do Coursera: Greek and Roman Mythology

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