A nossa vida dentro da carne traz consigo o cuidado sobre ela. Há um propósito de nossa passagem por aqui. A vontade que nos imanta a esse corpo é parte do pacote. Viver é ter algo a fazer por essas bandas. Grandemente inconscientes do que somos, também seguimos tateando a procura do nosso grande propósito.
Deus nos sopra caminhos. Imaginamos, de costume, estar sendo esmagados por imposições sociais, quando estas nos fazem despertar para o motivo de nossa estadia.
Hoje um velho amigo me revelou estar grávido, mas de uma moça por quem não nutria paixão tão intensa. Minha resposta:
- Ao contrário do que os revolucionários dizem: não somos os senhores de nossa história, mas mais um personagem dela. Cabe a nós dar seguimento ao que se desenha em planos muito superiores e invisíveis!
A nossa vontade de viver, que se intensifica quanto mais encontramos amores neste mundo de dor, é fruto também da assunção da oportunidade que nos é dada nessa fenestra da eternidade, isto é, nessa vida.
O conhecimento da imortalidade sem essas imersões na carne, sem esse gostinho de finitude nos deixaria abstratos demais, sonhadores demais. Viver, ainda que para sempre, é uma urgência, pede intensidade e cuidado.
Vivemos na tensão entre esperar o momento certo e abraçar o instante desesperadamente. É nessa forja - água e fogo - em que nosso Espírito se talha.
A melhor descrição para isso foi a que ouvi de um senhor com linfoma que me abordou ao Centro Espírita e contou-me sua história:
- A doença terminal te conduz à aceitação depois da negação, da revolta, da depressão, etc. Mas, aceitar a morte é ainda desejar a vida. Talvez seja isso que te prepara para continuar vivendo...
... mesmo depois da morte.
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