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segunda-feira, 13 de abril de 2015

Sobre como amo o catolicismo



Já falei sobre isso nesta postagem aqui, mas de outra forma, mais sutil. Nesta vou escancarar.

Vou escancarar porque em duas últimas postagens que toquei em pontos católicos exaltando-os recebi reprimenda de espíritas radicais (é verdade, essa categoria existe). Acho que é um deslize, uma invigilância deles. Mas, aconteceu. 

Então, queria deixar aqui bem registrado meu profundo carinho por essa igreja da qual a civilização ocidental nasceu. A gente, convictamente não católicos, geralmente só olha para ela lembrando da queimação de carne e das cruzadas. Esquece da luta contra o aborto (uma das gratidões mais profundas que tenho), da devoção para com os pobres, dos missionários que espalharam a boa nova da passagem do Cristo circundando a Terra. Lembro-me de vovó que era uma daquelas senhorinhas que, pela conduta nobre em meio à comunidade, havia recebido a missão de ajudar o padre a distribuir as hóstias. Que saudade!

Toda e qualquer doutrina que crescer muito vai ter que enfrentar as incorreções que o catolicismo enfrentou, este irmão mais velho. 

De vez em quando vejo textos ácidos e desrespeitosos sobre o "espiritolicismo" brasileiro. Entendem, os que criaram esse neologismo, que significa a corrupção do espiritismo com conceitos católicos. Não percebem que, assim como Jesus era judeu, Kardec era católico. Assim como Jesus não pode se abster de falar sobre sua doutrina com categorias judaicas, Kardec fez o mesmo com o espiritismo. Talvez, seja isso que tenha provocado o ódio dos cientistas da época, pois achavam nossa doutrina religiosa demais. E, enfim, a irmandade destas doutrinas é tamanha que é extremamente válido estudarmos mais judaísmo e mais catolicismo para entendermos o espiritismo.

Acho que nós espíritas reagimos impensadamente, quase de forma medular, contra o catolicismo, porque podemos ter tido um ou outro representante desta religião que nos feriu por palavras. Eu mesmo tive alguns exemplos que definitivamente não suplantam a maravilha do amor de amigos que enriqueceram indelevelmente a vida. 

Se pensamos mesmo estar entrando em um mundo de regeneração, saindo de uma Terra de doenças e guerras, não o faremos desprezando uns aos outros, mas fundando um clima de diálogo amoroso entre todas as diferenças. 

Hoje, depois de muito estudar e discutir, entendo a grandeza do dogma da ressurreição e da divindade de Cristo. Não acreditar até as últimas conseqüências nisso não me leva, de forma alguma, a não respeitar. E, se, neste blog, alguma discordância com essa doutrina expressei de forma pejorativa, denuncie que vou correndo corrigir. 

P.S.: A amiga Caroline fez um adendo que merece figurar como complemento imprescindível. Quando eu falo sobre SER algo (nossa civilização é filha da igreja católica, Kardec era católico), escondo o grande movimento que se processou por baixo dessa identidade a fim de que ela emergisse. Nossa civilização é filha dos encontros, desencontros e confrontos que originou essa hegemônica identidade de cristã. Kardec, se fosse católico, provavelmente não o era de forma pura, pois seus dois grandes pais Rousseau e Pestalozzi eram profundamente protestantes de uma forma toda singular. Salve a impureza das coisa! Somos mistura.

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