As religiões, grosso modo, herdaram uma forma de abraçar seus adeptos através de rituais que os façam se sentir incorporados na igreja. Os batismos mais diversos objetivam fazer-nos renascer em um outro eu, agora purificado de tudo o que há de fora para, enfim, sermos iniciados em seus conhecimentos esotéricos.
A coisa se arrefeceu nestes séculos de laicização, esmaecendo as cores destes rituais, tidos mais como simbólicos do que efetivamente transformadores da substância de um convertido. No Espiritismo, contudo, adotamos um outro caminho: interiorizamos e estendemos a iniciação por toda a existência.
Seguindo radicalmente um movimento singularmente cristão, o da interiorização das práticas exteriores, nossas iniciações passaram a se dar dentro da alma, na medida em que penetrássemos nos conhecimentos revelados pelos Espíritos, burilados por Kardec. Ninguém vê as águas que nos banham, não há platéia para nossos sacrifícios. Os livros canônicos estão acessíveis a todos, prestando-se à releitura diária para a conversão íntima. Não há sacerdotes prescrevendo deveres espirituais, quando muito, alguém mais experiente nos estudos que fornece perspectivas de leitura.
Por isso vejo como complicado haver um catequismo espírita que busca a uniformidade das ideias e ações. É assim, por exemplo, que um rapaz com angústias em relação a sua sexualidade, sendo espírita, vai sentar-se reservado no quarto e ler as obras da doutrina em busca das respostas para si. Quem poderá dizer taxativamente que sua interpretação está errada? Deus o dirá! Duvido que haja algum representante Dele encarnado entre nós.
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