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sábado, 4 de outubro de 2014

Também perdi um filho

Antes desse pequenino que está aqui escalando minha perna, também perdi um filho. E soube quase agora que um grande amigo está passando por isso. O que dizer?

Ele pediu para não ligar, que ficássemos em oração.

Todas essas coisas que escrevo e falo, digam lá para que serve, para me fortalecer e às pessoas que morrem a cada dia, que têm seus entes amados mortos. De alguma forma muito intensa tentar fazê-las  acreditar, como se fosse óbvio, como se não desse para pensar de forma diferente, que o nada não existe. Nossos amores continuarão vivos e estarão bem. 

Consigo?

Claro que não. Apenas diminuo um pouco a dor de alguns. Preparo outros poucos para alguns reveses aqui e ali. A descomunal dor da perda que nos faz sentir o abismo de nossa mortalidade...

Chorei o meu primeiro embrião que não vingou e, no fundo, o que me consolou não foi nada de racional. Nada de lei de compensações ou de reencarnações. Fui chorar contra Deus para o meu melhor amigo. E ele me deu o ombro. Não ouvi quase nenhuma palavra do que disse. Mas, sua presença...

Chorei o meu pai que se foi. Precisei morder os lábios, curvar o corpo, gritar aos presentes que "aqui enterramos um homem que cumpriu sua missão". Sério, eu fiz isso! Ontem escrevi uma carta para ele, e mês passado, e há seis meses, e fazem sete anos...

Não me preocupo em partilhar esse texto com aqueles que encontram em meu blog um porto seguro. Quero deixar bem claro, rasgando essas minhas vestes, que sou tão homem, tão mulher, tão criança quanto vocês. O que não nos exime de tentar achar respostas, juntos.

Mas, por agora, a presença, o ombro, a oração... e a esperança.



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