sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

As palavras de Jesus: nosso critério de verdade


"Singulares parecem algumas palavras de Jesus, por contrastarem com a sua bondade e a sua inalterável benevolência para com todos. Os incrédulos não deixaram de tirar daí uma arma, pretendendo que Ele se contradizia. Fato, porém, irrecusável é que sua doutrina tem por base principal, por pedra angular, a lei de amor e de caridade. Ora, não é possível que Ele destruísse de um lado o que do outro estabelecia, donde esta consequência rigorosa: se certas proposições suas se acham em contradição com aquele princípio básico, é que as palavras que se lhe atribuem foram ou mal reproduzidas, ou mal compreendidas, ou não são suas." (Allan kardec: Evangelho s. Espiritismo, cap. 14, item 6)

Na postagem passada mostrei como Kardec em A Gênese reveste o Espiritismo de um caráter muito dinâmico. A princípio pensaríamos que ele, então, seria isento de âncoras, flutuando no espaço das verdades, leviano, escolhendo a que mais brilhasse. Não é bem assim. 

Mesmo a ciência moderna não pode se dizer completamente isenta de fundamentos metafísicos que possibilitem sua forma de existir. Ela tem como pano de fundo que a realidade é cognoscível e que o homem possui estruturas mentais para conhecê-la. 

O Espiritismo, além do mesmo pressuposto da ciência moderna, apresenta um fundamento que Kardec deixa claro nesse excerto: Jesus diz a verdade e não se contradiz. O Evangelho segundo o Espiritismo todo é fundado nessa premissa, e o resto do Espiritismo por consequência. 

De fato, não poderia sermos uma doutrina consoladora se tivéssemos deixado a fé das pessoas à deriva nas descobertas científicas. O tempo mostrou o quanto a ciência moderna é volúvel. Hoje anatematiza o que amanhã idolatrará. 

O método rigoroso, o crivo racional, a seleção criteriosa das comunicações mediúnicas, tudo o que Kardec usou, pretendendo-se científico, acabou não sendo o carro-chefe do Espiritismo, mas Jesus. Foi o Cristo que tornou sólida nossa perspectiva. Todo o movimento de Kardec foi para deixar, novamente, o ressurgido do Calvário palpável para os homens. 

O Espiritismo se tornou, assim, nossa eucaristia. Abriram-se as lápides não apenas do túmulo de Jesus mas de toda a humanidade, revelando nossa imortalidade, apesar das chagas. Não apenas o corpo de Jesus se mostrava redivivo, mas os de todos os entes que amamos, com quem compartilhamos o pão e o vinho diários. 

Outro aspecto importante dessa perspectiva kardeciana de considerar o verbo de Jesus uma necessária verdade não-contraditória é de esta ser a definição cartesiana, por excelência, da ação de Deus no mundo. Como nos vai revelar postumamente, Kardec entendia Jesus como o médium de Deus, cuja fala, pois, estava em sintonia perfeita com o Autor de todas as coisas

A ciência oficial menospreza o Espiritismo, entre outras coisas, por esse deslize, por essa adesão despudorada. Mas, como diz Kardec, a ciência espírita prossegue a partir do ponto em que a materialista estaciona. 

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