sexta-feira, 15 de maio de 2015

Sobre doutores palhaços



Convidaram-me para falar sobre o filme do médico Patch Adams, produção cinematográfica que vulgarizou a figura do doutor palhaço pelo mundo. 

Ficava complicado falar coisas muito formais depois de um filme daquele tão transgressor das tradições. Portanto, fui atrás de fazer uma ciranda e, a partir dela, tecer considerações. 

A nossa evolução espiritual é feito uma ciranda que cresce para o alto. De vez em quando nos tomamos fazendo parte de situações muito semelhantes, mas estamos com uma cabeça diferente. Com o Patch aconteceu isso. Sua irreverência para com aquele médico empavonado, reitor de sua faculdade, se dava em virtude de sua já experiência do sofrimento. 

A idade pesa no enfrentamento das situações difíceis. Algumas pessoas podem olhar pelo lado ruim e se cansar com o peso da repetição dos problemas. Outras podem olhar pelo lado bom e ver que, com a idade, se está mais forte para enfrentar aqueles males que, hoje, parecem nada de tão risíveis. O tempo redimensiona as grandezas.

Conheço uma psicóloga que, com mais de quarenta anos, decidiu entrar na faculdade de medicina para continuar sua história agora como médica. Nunca vi uma pessoa tão apaixonada, engajada, diplomática e revolucionária. Está fazendo tudo o que dá na telha para ser o que quer ser, e está indo bem. 

Esses Espíritos nos ensinam que não podemos desistir de nossos sonhos. Pra falar a verdade, somos feitos mais da matéria dos sonhos do que das células. É o que nos move, o que nos alimenta, o que nos diferencia do que já não somos, o que nos assemelha ao que seremos. 

Depois falei sobre minha experiência como palhaço de hospital, o quanto entrei em áreas que nunca imaginei entrar antes, como por exemplo, dentro do abraço e das lembranças eternas de uma senhora que cuidava da limpeza de lá, dentro de seu sorriso a me acolher quando me via, dentro do seu carinho. 

Convidei um integrante atual deste grupo de palhaçoterapia que participei para falar sobre a experiência "escrota" de ainda ver médicos "escrotos" na faculdade de medicina. Mas, então, ele falou de seus sonhos: de como gostaria de ser um médico que olharia sempre o paciente de forma integral, buscando não esquecer suas múltiplas dimensões. Falou ainda sobre o seu amor por um certo personagem de um conto de fadas, um leão rei que acolhia as pessoas sempre com carinho, acreditava nelas e chegou a dar a própria vida dele para que elas vencessem o mal e tornassem o mundo melhor. 

Lembrei-me de Jesus, o quanto ele foi médico de almas, brincou com crianças, revolucionou a história e parece ainda nos guiar lá do alto da ciranda que dança junto com muitos outros grandes Espíritos. Esse leão que nos acolhe com o olhar e mergulhou em nossa história para nos fazer mais senhores de nós mesmos e responsáveis pela restauração do equilíbrio do mundo. 


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