segunda-feira, 28 de julho de 2014

E se o meu adversário estiver certo?


"Dá a quem te pedir, e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes."
Mt 5:42

Essa é a última recomendação do Mestre na seqüência que nos faz mudar completamente a postura diante do "olho por olho, dente por dente". Três interpretações prevaleceram no nosso círculo. Ao contrário do que se costuma pensar, os discípulos do cordeiro não são arredios ao combate, mas são adeptos do bom combate. Quando o adversário nos pede a túnica, dar ainda o manto o desarma. Ele que estava preparado para o embate, recebe a solicitude da alma. Mas, tem que ser de coração. A segunda caiu sobre o significado do adversário. Na passagem, a tradução de Haroldo nos fala de "malvado" e não de "mau": não resistais ao malvado. E uma das conotações possíveis dessa palavra é "aquele que sofre". Portanto, é enxerga-lo como um ser digno de piedade e oferecer-lhe mais do que ele pede, já que precisa tanto. A terceira interpretação enxerga o malvado como sendo um igual, filho do mesmo Pai, portanto, merecedor da mesma credibilidade que qualquer outro irmão. Exercitamos enxergar as exigências dele não como uma ameaça, mas como uma proposta. Jesus, nesse sentido, estaria nos recomendando não só aceitar a sua proposta, mas ir a fundo nela. Por que não? Nesses tempos em que esteve próximo o combate entre o futebol de diferentes países e está presente o embate das mais diversas posições políticas no nosso Brasil, as recomendações do Nazareno vêm a calhar para que nos apeguemos menos aos nossos dogmas e ofereçamos a cara à tapa quando enxergarmos que alguém pareça ser mais razoável que nós. Há dois mil anos, seguir este conselho poderia ter evitado muitas guerras!

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