sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Eu vejo espíritos em tudo - Parte I



Dos princípios espíritas, falei:
  • sobre o Deus único cristão, nossa fé e fundamento primeiro; 
  • sobre a imortalidade do espírito, comum a todos os seres viventes;
  • sobre a possibilidade de comunicação telepática entre as pessoas e mediúnica entre os Espíritos que estão fora da carne e os que estão mergulhados nela;
  • sobre a necessidade de voltar à matéria para completar o desenvolvimento do espírito que peregrina entre a ignorância total e a sabedoria plena, tudo ao lado de Deus, já que este é onipresente. 


Falta-me abordar sobre a presença dos espíritos em todas as coisas e por todos os lugares do Universo. É a que me proponho aqui e em outro post

Estes dois princípios são os mais polêmicos, tendo sido sensato deixá-los por último. Mas, não são menos encantadores, sendo estratégico finalizar por aqui. 

Existir espíritos em todas as coisas significa que em cada ser, do reino mineral ao reino angelical, da pedra ao arcanjo, existe um espírito que vive e se elabora dentro de seus elementos. Provindo de uma matriz que lhe deu à luz, escapulido de uma nuvem de inteligência, é enrolado na matéria para que esta lhe aqueça com os desafios e as lições que cada estágio em situações diferentes pode lhe proporcionar. A elaboração das estruturas cristalinas, a pulsação dos primeiros movimentos celulares, a busca pelos motivos primeiros de crescer e se desenvolver, os primórdios do respeito à vida em si na fuga pela sobrevivência, o aprendizado dos rudimentos de amor, da maternidade, da paternidade, da comunidade, e até mesmo a fruição da verdade, ao mesmo tempo divina e selvagem, de que nós somos devoradores e devorados de tudo, por tudo, misturados nesse mar de criaturas. Em certo momento, emergimos, tomando o fôlego da vida humana, ainda tão animal, mas cheia de liberdade para se transcender em impulsos autônomos, não mais autômatos, pelo menos não em primazia. É aqui onde mais ou menos nos encontramos nessa história do espírito. Fruindo o amor e o ódio de cada dia, sonhando com a angelitude que nos livrará no cosmos. 

Essa visão não é nova - nada no Espiritismo é. Podemos encontrá-la em muitas mitologias de variadas culturas. Antes de provar nosso plágio, reforça essa realidade. Kardec viveu em um período que a cultura não-ocidental era tida como bárbara, e ainda estava longe dos etnógrafos apresentarem a perspectiva do respeito à diferença que conduziria a predisposição que temos hoje de ouvir os e mesmo aderir aos mitos dos outros. Estas informações foram fruto da revelação dos Espíritos. 

Em O Livro dos Espíritos Kardec não fecha o assunto sobre se o espírito estagia em outros reinos em uma sucessão progressiva até o nosso, ou se já inicia no humano. Mas, de forma sagaz deixa como princípio possível. Por que ele não rejeitou esta revelação como o fez com tantas outras, que devem ter se perdido no seu escritório, reservando-lhe, ao contrário, um lugar todo especial no livro fundador de nossa doutrina? É que ela traz uma visão de conjunto que aumenta em muito a grandeza de Deus em sua magnificente obra da criação. 

Nada é inútil no universo e toda a matéria se conecta por laços de finalidade que conduzem o espírito em uma escalada de aprendizado rumo ao seu desenvolvimento pleno. Muitos cientistas olhavam com desprezo e faziam chacota da teoria darwiniana, que defendia nossa descendência dos símios. Muitos filósofos olham com desgosto essa nossa queda para a metempsicose pitagórica, que enxergava a possibilidade de migrarmos entre os mais diversos reinos da natureza. Pessoas comuns se espantam com os caminhos que os budistas tibetanos constroem para as formigas, entendendo que elas podem ter sido pessoas muito queridas em outras vidas. Muito embora a visão espírita seja de uma escalada progressiva e sem volta, isto é, cada reino se distingue do outro por caracteres tão díspares que não faria sentido voltar para um campo em que já se adquiriu as habilidades nele contidas, é de se admirar, com sincera abertura de espírito, todo aquele que se desapega um pouco da importância do eu e se entende como ator de  uma majestosa peça que transcende os limites do palco da humanidade.


Por falar em transcender os palcos da humanidade, é sobre isso que versa a existência de espíritos em todos os lugares do Universo, ou ainda, a pluralidade dos mundos habitados. A Terra é uma das moradas que Deus criou para seus filhos. Mas, acho que preciso de um pouco mais de espaço para falar dessa vida que pulula por aí afora. Findo temporariamente por aqui. 

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