domingo, 5 de maio de 2013

Lembranças vivas de vidas passadas



Entrevista em programa televisivo com especialistas sobre o assunto Reencarnação e Criação dos filhos. Gravado em 4015, levado ao ar às oito horas da manhã, de nome Reencontros com Allan Denizard

(A população assiste sem consternamento, mas com sincero interesse, ao assunto enquanto toma seu café-da-manhã porque, a essa altura, reencarnação foi provada até em laboratório). 

AD: Estamos aqui com um pai de família cujo filho se lembra de quem foi em uma encarnação passada. Senhor Sigismundo, como é viver com um filho que não passou pelo processo de esquecimento ao reingressar na matéria?

Sigmundo: É meio complicado sabe, Allan. A gente fica sonhando com tudo o que ele viria a ser, aí quando ele começa a falar, já se mostra cheio de vontades e com uma identidade que eu não ajudei a formar. Desde o início ele já me diz não para tudo o que eu ofereço, como se ele reagisse à minha influência. Sem falar nas comidas. Qualquer bebê normal, na medida que a gente vai insistindo, vai cedendo aos pratos que a gente tenta colocar na alimentação dele. Esse não! Era como se o que ele gosta e o que ele não gosta já estivesse bem vivo na língua. 

AD: Imagino o quanto deve ser sofrido para o senhor querer ser pai de alguém que, mesmo sendo seu filho biológico, não é seu filho de verdade. Mas, vamos ouvir o que o cientista do laboratório de Genética e Reencarnação da Universidade Federal de São Paulo tem a dizer. E, então, Dr. Estevesonildo, como a ciência explica essa anormalidade congênita dessa criança?

Estevesonildo: Então, Allan, boa tarde a todos de casa, eu faço parte de um laboratório que trabalha com pesquisa do comportamento das pessoas na sua manifestação desde as células. Esse nosso laboratório vai completar um século desde que descobrimos que existe uma sequência de genes específicas que é responsável por inibir ao máximo a manifestação das informações cognitivo-comportamentais que descendem de alguma vivência pré-concepção. Todos nós sabemos desde o ensino básico que os genes são a estrutura material que carreia informações para tudo o que acontece no corpo. Pares de bases são o alfabeto da vida. Então, foi uma revolução quando descobrimos que, nos meninos e meninas que se lembravam do que chamamos de "vidas passadas", encontramos pares de bases idênticos, na sequência responsável pela memória, aos que se encontram nos indivíduos de quem elas diziam ser a reencarnação.

AD: Mas, os pares de bases do DNA desses indivíduos já não haviam se decompostos?

Estevesonildo: Alguns sim. Mas, outros, aqueles cujo período entre a morte e o renascimento foi muito curto, conseguimos ainda, com técnicas de recuperação genética à base de silício1919, reaver a sequência que precisávamos. Com isso, conseguimos esse achado. Percebemos, então, analisando as informações genéticas de zigotos de laboratório que, no setor das memórias, diferente do que alguns antepassados nos diziam, não somos uma tábula rasa. Se fôssemos, nesse setor não haveria expressão gênica ainda, cabendo ao desenvolvimento pessoal o despertar da fabricação proteica das lembranças. Nesse lugar, mesmo nos zigotos, já havia intensa elaboração de lembranças.  Não falo pensamentos, porque estes são produzidos em outros setores genéticos, falo mesmo de lembranças. O mais extraordinário, é que essas proteínas, a que demos o nome de mnemosines, são inativadas automaticamente, após produzidas por uma enzima que denominamos de mnemosinases, responsáveis pela, por assim dizer, amnésia dessas lembranças. 

AD: E o que isso tem a ver com esse caso?

Estevesonildo: Tudo! O que acontece com essa criança e com muitas outras com essa mesma patologia é que lhes faltam a enzima mnemosinase. Estamos trabalhando para a criação de um remédio que possa devolver a amnésia das lembranças de vidas passadas para elas. Os primeiros resultados foram desastrosos. A enzima era forte demais e acabou provocando um esquecimento não reversível para o resto da vida. As crianças não conseguiam se lembrar nem dos segundos imediatamente anteriores. É um efeito colateral possível, mas estamos levando adiante, com toda a ética que temos em mão, para a consagração desse feito. 

AD: Obrigado pela sua participação, Dr. Estevesonildo, pela do Sr. Sigismundo. Não percam no próximo bloco: o que os psicólogos e a religião tem a dizer sobre essa situação? E para você, que está nos assistindo, se o seu filho tem alguma lembrança de vida passada que lhe incomoda, ainda que não tenha assumido completamente a identidade da outra vida, entre no nosso chat, converse com nossos convidados. As discussões continuam nos intervalos. E, em instantes, voltaremos com mais “Reencontros com Allan Denizard” (toca vinheta).  

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